
O acesso à habitação continua a ser um desafio na Europa, mas subida dos preços das casas deverá abrandar entre 2025 e 2027, apesar da forte procura.
O mercado imobiliário europeu tem sido marcado por grandes oscilações nos últimos anos. Com a descida das taxas de juro nos créditos habitação, o acesso à habitação tem melhorado, impulsionando a procura e contribuindo para a valorização dos imóveis. No entanto, as previsões indicam que a subida dos preços das casas será mais moderada nos próximos anos, refletindo um possível equilíbrio entre oferta e procura.
Portugal registou uma forte valorização em 2024
A tendência de crescimento dos preços das casas variou consoante o país, sendo Portugal um dos mercados onde a valorização foi mais expressiva. Em 2024, os preços das habitações aumentaram 9%, impulsionados pela maior facilidade no acesso ao crédito e pelos incentivos fiscais para jovens compradores. O aumento das licenças de construção sinalizou um reforço da oferta, mas esta continua insuficiente para responder à crescente procura, especialmente em áreas urbanas.
O cenário português contrasta com outros países europeus. Em Itália, a redução dos incentivos fiscais para reabilitação levou a uma normalização do mercado, mas os preços continuaram a subir. Já em Espanha, o crescimento económico e a baixa dívida hipotecária ajudaram a impulsionar o setor imobiliário, resultando num aumento de 8% nos preços das casas em 2024. Nos Países Baixos, os incentivos fiscais aos compradores e a forte procura levaram o banco central a recomendar a redução dessas medidas, enquanto na Irlanda, a falta de oferta e o aumento da imigração contribuíram para uma subida de 9,5% nos preços dos imóveis.
Acesso à habitação continua a ser um problema
Apesar da recuperação do mercado e da melhoria das condições de crédito, o acesso à habitação continua a ser um desafio na maioria dos países europeus. A procura mantém-se elevada devido ao crescimento populacional, ao aumento dos rendimentos familiares e ao baixo nível de endividamento das famílias. No entanto, a oferta de novas habitações continua limitada, travada por fatores como a escassez de mão de obra no setor da construção, processos burocráticos demorados e elevados custos de construção.
A falta de habitação acessível tem sido uma preocupação crescente para os governos europeus, que procuram soluções para equilibrar o mercado. Em Portugal, o aumento dos preços das casas tem ultrapassado o crescimento dos rendimentos, dificultando a compra de habitação própria. Esta situação contrasta com países como França, Alemanha e Suécia, onde a relação entre preços de imóveis e rendimentos melhorou nos últimos anos.
Preços das casas vão continuar a subir, mas a um ritmo mais lento
As previsões para o período entre 2025 e 2027 apontam para uma subida mais moderada dos preços das habitações na Europa. De acordo com as estimativas, os preços deverão aumentar cerca de 3% ao ano, um ritmo inferior ao registado em 2024. Em Portugal, a valorização das casas deverá desacelerar para 4,5% em 2025, 3,6% em 2026 e 3,2% em 2027.
Este abrandamento poderá resultar de um maior equilíbrio entre oferta e procura. Com a continuidade da descida das taxas de juro e o reforço das regulamentações para construção sustentável, espera-se um aumento gradual da oferta de habitações, reduzindo a pressão sobre os preços. Ainda assim, a escassez de novos projetos imobiliários poderá limitar esta tendência, mantendo os preços elevados em muitas cidades europeias.
Juros mais baixos podem melhorar o acesso à habitação
A política monetária dos bancos centrais será um fator determinante para o futuro do setor imobiliário. O Banco Central Europeu (BCE) e outras entidades reguladoras deverão continuar a reduzir as taxas de juro nos próximos anos, tornando os empréstimos à habitação mais acessíveis. Com custos de financiamento mais baixos, mais famílias poderão adquirir casa própria, prolongando o crescimento do mercado imobiliário.
Em suma, o acesso à habitação na Europa poderá melhorar com a descida dos juros e a estabilização dos preços das casas. No entanto, a falta de oferta continua a ser um obstáculo significativo, exigindo medidas concretas para garantir habitação acessível a longo prazo.